O mundo celebra no dia 26 de agosto o Dia Internacional da Igualdade Feminina. Apesar de não ser uma data tão conhecida, ela já faz parte da luta dos movimentos feministas há muitas décadas. Surgiu em 1920, nos Estados Unidos, quando foi promulgada a 19ª Emenda e as mulheres passaram a ter direito ao voto¹. Foi uma conquista bastante relevante, depois de muita luta de mulheres daquela época.

Dia Internacional da Igualdade Feminina nos lembra dos obstáculos superados pelas mulheres heroicas, que enfrentaram violência e discriminação em seus esforços para avançar¹. O direito ao voto foi a conquista que marcou a data, mas muitos desafios continuaram a existir para as mulheres nas décadas seguintes. No mercado de trabalho, por exemplo, alguns fatores, como o peso da maternidade na vida da mulher e a diferença de remuneração, podem ser utilizados como alguns indicadores dessa desigualdade.

O indicador de nível de ocupação das pessoas de 25 a 49 anos em 2019, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a presença de crianças com até 3 anos de idade vivendo no domicílio é uma característica importante na determinação da presença das mulheres no mercado de trabalho. Entre aquelas que possuem crianças nesse grupo etário, a proporção de mulheres inseridas no mercado de trabalho em relação à população em idade de trabalhar é de 54,6%, abaixo dos 67,2% daquelas que não possuem. ²

O fator raça também deve ser ressaltado, já que as mulheres pretas ou pardas com crianças de até 3 anos de idade no domicílio apresentaram os menores níveis de ocupação – menos de 50% em 2019 –, ao passo que, entre as mulheres brancas, a proporção foi de 62,6%.²

Em 2019, as mulheres receberam 77,7% - ou pouco mais de ¾ - do rendimento dos homens. A desigualdade de rendimentos do trabalho era maior entre as pessoas inseridas nos grupos ocupacionais que auferem maiores rendimentos, como diretores e gerentes e profissionais das ciências e intelectuais, grupos nos quais as mulheres receberam, respectivamente, 61,9% e 63,6% do rendimento dos homens. ²

Área científica

Na área científica, por exemplo, segundo dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), se por um lado as mulheres já alcançam a paridade nos cursos de mestrado e doutorado, um número muito reduzido consegue bolsas de produtividade, as mais almejadas no segmento profissional em função do prestígio e do valor.³

Na Fiocruz, uma das principais instituições científicas do Brasil, pela primeira vez em 120 anos uma mulher, a socióloga Nísia Trindade Lima, ocupa a presidência. Ao todo, 56% da força de trabalho são constituídos por mulheres, porém, a maior parte de cargos de alto escalão é ocupada por homens.³

Todos esses dados comprovam que as mulheres levam muito mais tempo para conquistar espaços de liderança e chegar ao topo da carreira.

Olhando para dentro

Algumas ações afirmativas podem colocar as mulheres em um local de igualdade com os homens, mas isso depende muito da política das empresas. Aqui, na Medley, não é diferente.

Além do trabalho voltado para as mulheres que não fazem parte necessariamente da companhia, como a iniciativa 'Conta, Mana' e todo o trabalho de comunicação voltado para fortalecer a presença feminina na sociedade, a empresa também tem um olhar voltado para suas colaboradoras.

A diretora comercial na Medley, Lucia Rossato, 47 anos, recorda como o mercado mudou ao longo dos anos e como a igualdade feminina não era naturalizada no meio corporativo. "Quando eu comecei, com 18 anos, era representante e tinha poucas mulheres trabalhadoras. Mesmo quando fui sendo promovida, eu via que era exceção. Eu lembro de uma passagem marcante: em um evento, na hora da pausa, eu tinha um banheiro feminino só para mim, enquanto os homens faziam fila para poder usar o masculino. Não existiam mulheres naquele ambiente", recorda.

Por ser muitas vezes pioneira, Lucia explica que era comum as mulheres assumirem posturas mais masculinizadas e até agressivas para conquistar respeito no ambiente de trabalho, mas que isso mudou, ao menos em seu ambiente atual. "Hoje já vejo minhas colegas e clientes mais seguras e tão mais empoderadas que se sentem à vontade de usar roupas mais coloridas ou assessórios que as deixem elegantes e também femininas. Não precisamos mais usar um terninho ou roupas em tons de azul e preto somente", disse.

São detalhes que podem parecer irrelevantes, mas que demonstram como as mulheres tiveram que enfrentar a luta pela igualdade feminina em espaços antes dominados por homens.

Machismo e sexismo estiveram no caminho e, segundo a diretora comercial, esse tipo de situações tem diminuído, mas elas ainda existem e são reflexo da sociedade na qual estamos inseridos. Na Medley, explica Lucia, existem ferramentas de debate para enfrentar e extirpar qualquer tipo de preconceito.

Por um presente mais diverso

Para Denise Mello, que é Head Branding, a empresa procura dialogar e deixar clara para os funcionários a importância da diversidade em todos os setores. "Tem uma preocupação em relação a isso e, nesse ponto de vista, eu me sinto muito segura. É uma mudança que a gente vem tentando fazer, de que a companhia está aberta a combater. Por isso me sinto muito livre para poder falar e discutir abertamente. Poder pontuar alguma situação que não foi bacana me dá um grande protagonismo para fazer a diferença", conta.

"Acho que cada vez mais as pessoas que compõem a Sanofi [grupo do qual faz parte a Medley] estão se mobilizando para que a gente crie essas comunidades e, dentro dessas comunidades, tenham trocas de experiências que possam de fato transformar. E dessas trocas saem algumas ações que a gente consegue implementar", completa Denise.

Equidade salarial

Junto com a representatividade em cargos de liderança, a equidade salarial é um tabu que também deve ser discutido nas empresas. Para Lucia Rossato, a solução é fazer pesquisas contínuas para deixar claro quanto ganham, em média, homens e mulheres nos mesmos cargos.

"A gente só vai diminuir e eliminar de vez qualquer diferença, seja em profissões mais executivas ou em outras partes da cadeia produtiva, olhando. Eu vejo muito menos essas diferenças aqui na Medley, pois acredito que estamos muito mais avançados, mas sei que não é a realidade do Brasil. A gente precisa mostrar isso e, assim, poderemos tomar atitudes para reverter", declara.

Denise Mello explica que o assunto é debatido dentro da empresa e que essa é uma das formas de se enfrentar e tornar a realidade cada vez mais justa.

Maternidade

"Viver a maternidade em consonância com a carreira profissional é um tabu da própria pessoa. Felizmente, dentro da Sanofi eu sinto muito apoio nesse sentido", diz Daniela Bernegossi, que é gerente de produção da fábrica de CPS da Medley e acompanhou as mudanças no mercado de trabalho na empresa nos últimos 22 anos, desde quando entrou como estagiária. Ela é mãe de Lucas, 6 anos, e do Gabriel, 3, e lembra como foi viver essas experiências.

"Quando o meu filho mais velho nasceu, estávamos na transição da licença maternidade de 120 para 180 dias. É sensacional a oportunidade de fazer o aleitamento exclusivo", disse Daniela. Ela também pôde deixar Lucas e Gabriel no Instituto Jacarandá, que nasceu como uma creche para dar suporte às mães funcionárias da fábrica em Campinas, interior de São Paulo.

Mais recentemente, a Medley tem incentivado os pais a tirarem a licença paternidade no mesmo período das mães. "Estamos mostrando para os homens a importância de estar presente nesses primeiros meses", disse Daniela.

Denise Mello, que também é mãe, fala sobre o desafio em quebrar o tabu que ainda existe na maternidade de uma profissional. "Eu acredito que a maternidade ainda é vista como prejudicial para a ascensão profissional. Ainda passa pela cabeça de muitos homens e mulheres uma dúvida na hora de contratar uma jovem recém-casada, por exemplo. Eu luto muito para combater isso aqui dentro e lutei em todos os lugares onde trabalhei", disse.

Ela tem duas filhas e optou por tê-las mais tarde, pensando justamente na estabilidade profissional. Mesmo assim, Denise recorda passagens não muito agradáveis que viveu na empresa em que trabalhava na época. "Estava de nove meses, quase tendo a minha filha, e ouvi que tinha que acabar uma apresentação nem que fosse na maternidade", diz ela.

Denise disse que pensou muito no período em que ficou afastada do trabalho e no fato de que, para homens, mesmo que pais, a produtividade continua e as oportunidades de serem notados e promovidos também. "Eu tenho muito orgulho de estarmos em uma das primeiras empresas do Brasil a adotar a licença paternidade e espero que vire algo normal, pois seria um passo gigante para a equidade de gênero. Não será mais uma discussão em entrevistas ou em escolhas para quem irá assumir uma determinada posição", declara.

Com as mulheres que são comandadas por ela, Denise diz falar abertamente sobre a liberdade de poder engravidar e viver a maternidade sem a cobrança que ela sentiu quando passou por essa experiência. "Eu cito muito os meus exemplos e digo que não quero repetir os erros que tiveram comigo. Para que fiquem tranquilas quanto a isso".

Já há uma discussão inclusive sobre a contratação de mulheres grávidas, algo que nem sempre foi bem visto por causa da iminência da licença maternidade. "Já vemos alguns movimentos nesse sentido. Afinal, a gravidez não significa um ano sabático profissional. Temos muito a evoluir", completa Lucia Rossato.

De fato, os desafios femininos são muitos. Mesmo com vitórias recentes, outras batalhas ainda estão longe de serem vencidas. A Medley acredita que o diálogo e a diversidade sempre irão enriquecer o debate, fazendo com que o mercado de trabalho se molde a nosso tempo, que tolera cada vez menos qualquer tipo de exclusão, através da igualdade feminina no trabalho.