A medicina já comprovou: a depressão é provocada por um desequilíbrio químico no cérebro. Venha entender mais.


A diferença entre depressão e tristeza, mau humor ou um desânimo passageiro está na cabeça, mas não como muita gente imagina, que seria apenas uma questão de força de vontade. Quando uma pessoa está deprimida, é porque o cérebro está sofrendo alterações químicas que desencadeiam todos esses sentimentos negativos, e ele vai precisar de ajuda para voltar ao seu funcionamento normal[1]. De acordo com o neurologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Fábio Porto, é normal que todo mundo tenha emoções negativas. Um dia chuvoso, por exemplo, deixa algumas pessoas mais desanimadas. “A diferença é que, quando não há depressão, o cérebro consegue modular essa emoção negativa. Você pode estar triste, mas sabe que tem de ir trabalhar, toma um café, procura pensar coisas boas e vai”.

“Essas regiões ficam hiperativas. É como se essa rede de neurônios do cérebro ficasse muito ativa, então a pessoa não consegue desengajar o humor de aspectos negativos, e aí vem a tristeza e a anedolia, que é uma dificuldade de experimentar prazer nas coisas[2]”, explica o especialista. “Por isso que, quando alguém está deprimido, não dá para falar ‘se anima e sai de casa’. A pessoa não consegue, e não é falta de vontade”.

O papel dessas regiões do cérebro responsáveis por emoções negativas é muito importante. Elas usam muitos neurotransmissores, que são substâncias produzidas pelos neurônios para enviar informações para outras células. Os principais neurotransmissores envolvidos na depressão são a serotonina e a noradrenalina[1]. Quando há um desequilíbrio na produção delas, a doença se instala.

“Os neurônios precisam de neurotransmissores para se comunicar. Por isso que, no tratamento, procura-se aumentar os neurotransmissores certos para conseguir ajustar a função desses neurônios”, diz Porto.

E porque eles ficam desregulados, causando a depressão? O neurologista explica que essas causas ainda não são completamente conhecidas. Há causas genéticas e ambientais, como um estresse forte ou a perda de um ente querido. Um evento desse tipo pode desencadear o desequilíbrio dos neurotransmissores no cérebro.

Saber que a depressão tem uma origem biológica ajuda tanto o deprimido quanto seus entes queridos a ter mais empatia pelo problema. O doente não se culpa tanto, e os amigos e familiares conseguem colocar a depressão numa perspectiva mais solidária.

E entender que a depressão é uma doença é importante também na hora de buscar ajuda. O tratamento é capaz de colocar nos eixos toda a comunicação do cérebro e mandar embora as emoções negativas em excesso, deixando apenas o que é considerado normal. Procurar um psiquiatra, fazer terapia, dormir bem e praticar atividade física fazem parte do tratamento para acabar com o problema.

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