Sabe aquele sentimento desconfortável de perder oportunidades, eventos ou experiências que outros estão vivenciando? Isso ocorre, por exemplo, quando há um grande evento e todos em suas redes sociais postam algo sobre. O sentimento é de que deveríamos viver aquela experiência, participar. Esse sentimento recebe um nome: FOMO, do inglês Fear of Missing Out, que significa "medo de ficar de fora”. 1
Trata-se de um fenômeno fortemente vinculado as redes sociais, onde a exposição das experiências e conquistas é constante e, quando imersos neste meio, pode gerar nos indivíduos esse sentimento de comparação e medo de ficar de fora das oportunidades. 1

O FOMO é observado com mais frequência entre adultos e adolescentes da geração Millennials (nascidos de 1984 a 1995), pois este grupo utiliza tecnologias que induzem ao fenômeno desde muito cedo. Contudo, embora esse sentimento possa ser mais frequente em gerações mais jovens e dependentes de mídias sociais, ele está chegando em pessoas de gerações anteriores à medida que se tem uma maior adoção das tecnologias sociais por todos. 1
Para falar sobre este assunto, conversamos com a médica psiquiatra Julia Khoury, mestre e doutora em Medicina Molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela relata como a dependência das redes sociais, o uso excessivo de smarthphones e aplicativos de mensagens instantâneas tem comprometido o limite entre a vida pessoal e a profissional.

Não posso ficar de fora!

A especialista explica que o FOMO é um sintoma da dependência de celular ou redes sociais. No caso da síndrome do "medo de ficar de fora", o indivíduo sente uma necessidade de ficar por dentro de tudo o tempo todo, o que gera um estresse enorme e menor capacidade para se concentrar, porque os estímulos através das redes sociais e do celular são muito breves, intensos e rápidos.

Julia Khoury, médica psiquiatra

Julia Khoury, médica psiquiatra

“Quando se afastam do aparelho celular e das redes sociais, essas pessoas têm sintomas de abstinência, ficam irritadas, nervosas, muito ansiosas ou muito tristes porque elas ficam com esse medo, essa angústia de estar perdendo. Quando elas se aproximam da rede social outra vez, elas têm um alívio”

Ela explica, que esse sentimento pode ser ampliado em grandes eventos, sejam eles globais ou que envolvem apenas pessoas mais próximas.
"Em grandes eventos e acontecimentos como os reality shows, Carnaval, Copa do Mundo, Oscar, as pessoas são levadas a passar mais tempo nas redes sociais e, quem tem mais tendência ao FOMO ou já tem a síndrome, pode ter esses sintomas amplificados e piorados. O impulso a consumir esse conteúdo faz com que as pessoas também sejam estimuladas a comentar, a curtir e isso prende elas cada vez mais naquele aparelho celular e prejudica as outras atividades do dia a dia", explica.
Segundo a especialista, surge uma vontade inexplicável de comentar o tema do momento, alinhada a necessidade de pertencimento. "A internet proporciona um sentimento de pertencimento à sociedade, reduzindo o tédio e a alienação. Além disso, as pessoas podem expressar suas opiniões com mais liberdade online do que na vida real, onde podem enfrentar constrangimentos ou represálias.".

Sinais de alerta

Consultamos uma especialista sobre os sinais de alerta da síndrome de FOMO. Ela nos deu algumas dicas do que observar:

Um artigo publicado pela diretoria de Saúde do Tribunal de Justiça de Santa Catarina sobre o tema chama a atenção para outros sinais de alerta que envolve o relacionamento social, como3:

  •  Ter dificuldade em viver o momento e preocupar-se em tirar fotos para publicá-las nas redes sociais;
  • Esperar constantemente por notificações;
  • Aceitar propostas para todas as festas e eventos por medo de exclusão.

Segundo a Dra. Julia, para diminuir esse sentimento é preciso valorizar atividades alternativas que são incompatíveis com o uso constante do aparelho celular, como práticas esportivas, danças e artes. Outra dica é deixar o celular em outro ambiente quando se está trabalhando ou estudando, e estimular relacionamento e interações com pessoas a sua volta.

Procure ajuda especializada

Apenas um profissional qualificado (psicólogo ou psiquiatra) pode diagnosticar transtornos mentais, além de prescrever o tratamento adequado3. Portanto, caso perceba alguns desses alertas, procure ajuda.
Caso tenha dúvidas sobre onde procurar essa ajuda, chama a Cássia, a assistente virtual de Saúde Mental da Medley. Ela está te esperando para compartilhar dicas e informações importante sobre o tema. Além disso, pode te ajudar a encontrar locais de atendimento psicológico gratuito ou a valores sociais.

  1. Governo Federal. Fear of Missing Out – FOMO: Como o medo de perder oportunidades pode afetar suas decisões de investimentos. Disponível em: https://www.gov.br/investidor/pt-br/penso-logo-invisto/fear-of-missing-out-2013-fomo-como-o-medo-de-perder-oportunidades-pode-afetar-suas-decisoes-de-investimentos . Acesso em: fevereiro, 2024.
  2. UOL. A inveja que sentimos ao checar redes sociais é perigosa e tem nome: FoMO. Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2018/01/12/parece-inveja-mas-nao-e-so-isso-fomo-gera-ansiedade-e-ate-depressao.htm. Acesso em: fevereiro, 2024.
  3. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Você tem F.o.M.O (Fear of Missing Out)? Disponível em: https://www.tjsc.jus.br/web/servidor/dicas-de-saude/-/asset_publisher/0rjJEBzj2Oes/content/voce-tem-f-o-m-o-fear-of-missing-out-. Acesso em: fevereiro, 2024.

MAT-BR-2400799/12 de março de 2024.