O gatilho emocional é uma realidade que afeta a grande maioria das pessoas, e que pode ser disparada por uma palavra, um cheiro, uma música... Sendo assim, as emoções represadas que vem à tona podem provocar reações físicas, como tremores, falta de ar, lágrimas ou sorrisos, respostas ríspidas a gritos ou mesmo uma agressão. ¹
Chamado de gatilho emocional ou mental, essa espécie de "disparo de traumas" aciona cadeias de memória ruins e têm poder para mudar o estado de humor, interferir na forma como se toma decisões e no comportamento social. É uma situação que precipita sentimentos e sensações desagradáveis para alguém, afetando aspectos que podem ser muito sensíveis ao indivíduo, como baixa autoestima ou sentimentos de desamparo. ²
Para falar sobre este assunto, nós conversamos com a psicóloga Maria Clara Lira Bezerril, especializada em Gestalt Terapia e Terapia Sistêmica Breve Familiar, e membro do Instituto Influir. Segundo ela, o fator mais importante do gatilho é a intensidade.
"Muitas vezes, por conta do gatilho, a pessoa vive aquela emoção de maneira tão idêntica, que é como se fosse uma revivência", explica a profissional.
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Traumas
Como foi dito anteriormente, os gatilhos mentais podem surgir por diversas maneiras e podem representar uma pessoa, um lugar e até um tom de voz. Maria Clara deu um exemplo para entender como emoções não trabalhadas pode influenciar no futuro de uma pessoa.
"Vamos imaginar uma pessoa que teve um pai muito rígido e rigoroso. Na infância, bastava ele olhar de determinada maneira que a criança sentia medo e ficava extremamente mal. Anos depois, na vida adulta, aquela criança tem contato com um chefe rígido e basta um olhar para ela voltar à quela vivência infantil, que faz ela sentir muito medo", exemplifica.
Segundo a psicóloga, é comum as pessoas lembrarem de momentos ruins. Mas a diferença do gatilho emocional é a intensidade dessa lembrança.
"Quando a gente entra em contato com um gatilho, a gente está em contato com aquelas emoções que estavam guardadinhas e a gente não cuidou", relata.
Respirar, identificar e decidir
Para quem se depara com momentos como esse, a psicóloga sugere uma técnica chamada RID, que consiste em respirar, identificar o problema e decidir o que fazer com ele.
📌 Relaxar: o primeiro momento é relaxar, respirar. Respire uns 30 segundos, feche os olhos, se sente e se traz para si. Fale que está seguro, foque que não está mais naquela situação ruim. Preste atenção no lugar em que se está para se sentir mais seguro.
📌 Identificar: em seguida, quando se sentir mais relaxado, é importante a pessoa tentar se identificar. Como foram os últimos minutos antes do gatilho, o que ela estava falando, onde ela estava. Identificar o que fez ela sentir essas coisas ruins.
📌 Decidir: por isso é importante estar relaxado, para ir para a etapa de decisão. Refletir sobre essa pessoa, objeto, lugar ou vivência que te deu gatilho. É hora de decidir se vale a pena continuar nesse lugar, nesse sentimento.
Autocuidado é fundamental
A especialista explica que, para conhecer os gatilhos, a pessoa precisa investir em autocuidado e autoconhecimento.
"Procurar uma boa psicoterapia para que a gente possa entender quais são as questões que ainda não estão bem resolvidas dentro de nós para que a gente possa ir eliminando os gatilhos emocionais", diz.
Maria Clara explica que o gatilho é algo que estava ali, mas que de alguma maneira não se consegue trabalhar, mas que é importante ir atrás.
Setembro Amarelo
Nesse mês de setembro, ocorre a campanha Setembro Amarelo, que surgiu em 2014 e foi idealizada pelo Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), com o objetivo de combater o suicídio no País. 3
Diversos fatores podem impedir a identificação precoce do problema e, consequentemente, reduzir as chances de prevenção ao suicídio. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos que devem ser levados em conta4. Por isso, é importante saber mais sobre o assunto e abordá-lo adequadamente, para garantir que uma vida seja salva no futuro.
Para entender um pouco melhor o problema do suicídio na sociedade, é preciso combater a desinformação e desmistificar alguns mitos sobre o assunto. Saiba mais:
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Referências:
1. Câmara Municipal de Fortaleza. Especialistas orientam sobre como lidar com os gatilhos emocionais. Disponível em: https://www.cmfor.ce.gov.br/2023/04/13/especialistas-orientam-sobre-como-lidar-com-os-gatilhos-emocionais/. Acesso em: 2023, agosto.
2. Viva Bem. UOL. "Gatilho" mental é coisa séria; saiba como identificar e não se prejudicar. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/10/13/gatilho-mental-e-coisa-seria-saiba-como-identificar-e-nao-se-prejudicar.htm. Acesso em: 2023, agosto.
3. Setembro Amarelo. A campanha Setembro Amarelo salva vidas. Disponível em: https://www.setembroamarelo.com/. Acesso em: 2023, agosto;
4. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. 10 de setembro - Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saude/10-de-setembro-dia-mundial-de-prevencao-ao-suicidio. Acesso em: 2023, agosto;
MAT-BR-2304124