A fibromialgia é uma doença silenciosa, desafiadora e de difícil diagnóstico para além do quadro clínico. Muitas vezes é encarada como um transtorno apenas psicológico.1 O quadro é ainda pior quando o doente sofre com a descrença e desconfiança de quem está ao seu redor, ou que duvidam da legitimidade da condição.

Pois é: há quem não acredite que os sintomas sejam verdadeiros 2, mas isso não invalida a sua dor.

FIBROMIALGIA É DOENÇA, NÃO FRESCURA

A fibromialgia pode ser difícil de entender, mas não restam dúvidas quanto ao seu título de doença. De acordo com o Serviço Nacional de Saúde Português3, quando o médico diz ao paciente que a fibromialgia não existe, o paciente deve se informar e procurar uma segunda opinião.

No Brasil, a fibromialgia afeta cerca de 3% da população4. Suas causas ainda não estão claras, mas por definição, é um distúrbio de dor e sensibilidades crônicas e generalizadas. Ela é tipicamente presente em mulheres jovens ou de meia-idade (cerca de 80% dos casos)4, mas pode afetar qualquer pessoa5. Os principais sintomas5 são:

  • Dor persistente e sensibilidade que se espalham pelo corpo todo, principalmente pelo esqueleto axial (crânio, caixa torácica e coluna vertebral);
  • Rigidez;
  • Fadiga;
  • Dificuldades cognitivas;
  • Ansiedade e/ou depressão;
  • Distúrbios do sono;
  • Comprometimento das atividades diárias.

O DESAFIO DO DIAGNÓSTICO

Não existem exames que diagnostiquem a fibromialgia, como radiografias. Por isso, é detectada apenas pelos sintomas apresentados durante o exame físico, que identifica pontos dolorosos no corpo1. Muitas vezes, a doença é confundida com tendinite, quando as dores aparecem nos ombros, coluna cervical e joelhos.4

Antes de diagnosticar a doença, o médico provavelmente irá descartar outras condições, como hipotireoidismo, artrite reumatóide, condições cardíacas e outras desordens inflamatórias ou autoimunes. Às vezes, a fibromialgia pode se manifestar junto de outra condição paralela.5

FIBROMIALGIA TEM CURA?

Infelizmente não, mas algumas adaptações no estilo de vida e medicamentos podem fazer o controle prolongado dos sintomas. Os exercícios físicos, por exemplo, são os seus maiores aliados. A prática é a principal recomendação médica para o tratamento da condição.Boa notícia, não é mesmo?

Não há uma recomendação específica sobre qual atividade física escolher. A opção varia de acordo com os sintomas e preferências de cada um. O ideal é testar várias modalidades até encontrar uma que realmente ajude, e que te dê prazer, claro. Além de diminuir a dor, o exercício melhora a depressão, a ansiedade, o sono e a fadiga1.

Outros tratamentos sugeridos pelo Ministério da Saúde são a acupuntura, fitoterapia, homeopatia, plantas medicinais e etc, quando associadas aos tratamentos convencionais.1 Ou seja: sempre consulte o médico antes de escolher um tratamento baseado na sua opinião.

Por fim, pode ser que o seu médico associe o uso de alguma terapia medicamentosa, porém a abordagem ideal é multidisciplinar, combinando exercícios físicos com outras práticas e outros tipos de autocuidado.1

VAMOS FALAR SOBRE FIBROMIALGIA?

Como a fibromialgia ainda é uma doença estigmatizada, quem sofre com os sintomas pode escondê-los ou evitar falar sobre eles para evitar qualquer tipo de preconceito. Por isso, muitos consideram viver em silêncio com a doença2, o que é bastante incômodo e pode ter efeitos severos na qualidade de vida e tarefas do dia a dia.

Uma das melhores formas de combater um estigma é falar abertamente sobre ele. Se você conhece alguém que apresenta os sintomas da fibromialgia, procure conversar com essa pessoa sem julgá-la. Ofereça ajuda e a encorage a procurar um profissional. O mesmo vale para aqueles que sofrem com os sintomas: sua doença é real e você merece tratamento.

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