A comunicação não violenta é uma aliada importante na luta contra a depressão, diz a especialista
Você já se sentiu desgastado ou ansioso durante uma conversa? Já ficou sem ar ao longo de uma discussão? Ou sentiu que suas palavras não eram compreendidas?
Segundo Carolina Nalon, tais situações podem ocorrer se não nos comunicamos de forma sadia, o que prejudica nossa saúde emocional - e isso pode ser especialmente danoso quando ao mesmo tempo estamos enfrentando uma depressão. É justamente nessa hora que desabafar com alguém querido ou receber um ombro amigo pode nos ajudar a lidar com a dor e a procurar ajuda profissional.
Carolina que é especialista em Comunicação Não Violenta (CNV) e fundadora do Instituto Tiê, explica que essa forma de comunicação é uma das ferramentas disponíveis ao deprimido para lidar com a sua dor. Comunicar-se de forma não violenta, porém, não se resume a evitar insultos ou palavras agressivas, e sim a agir com empatia e autenticidade.
Empatia e autenticidade
A empatia, primeiro componente importante da comunicação não violenta, é a nossa capacidade de nos colocar no lugar do outro e vice-versa. Quando isso acontece, ficamos mais confortáveis para compartilhar sentimentos e angústias. “O mais importante é você ter a intenção de abertura e conexão genuína com o outro. Por isso, a conexão precisa vir antes da solução”, diz Carolina.
Quando nos colocamos no lugar do outro, construímos relações mais próximas e sinceras e estabelecemos laços verdadeiros, muito importantes para evitar sentimentos de solidão e incompreensão. São eles, também, que nos dão segurança para desabafar sobre nossos problemas e buscar ajuda.
A especialista também dá muita importância à autenticidade, ou seja, a capacidade de expressar sentimentos, necessidades e observações sem fazer julgamentos. "Sempre que estivermos conversando com outra pessoa, devemos ser honestos e francos em relação ao nossos sentimentos, mas sem agir com vergonha, medo ou fazer juízos de valor," diz Carolina.
Assim, agir com autenticidade funciona como uma via de mão dupla: não devemos julgar nem o outro, nem a nós mesmos. Com essas duas ferramentas da comunicação não violenta, é mais fácil evitar desentendimentos e falar sobre o que realmente nos aflige.
Encarar julgamentos
A comunicação não violenta, quando praticada entre duas pessoas, proporciona acolhimento e compreensão mútua. Tal acolhida é fundamental quando estamos deprimidos e nos sentimos incompreendidos. No entanto, segundo Carolina, esperar que o outro irá colocá-la em prática pode ser frustrante.
“Pode ser difícil aprender a comunicação não violenta e, em seguida, ter a expectativa de que outras pessoas saberão usá-las conosco”, afirma. “Por isso, é preciso ter em mente que, às vezes, o outro tem boa intenção, mas não sabe como se comunicar”, completa.
Por outro lado, a comunicação não violenta pode ser utilizada individualmente para encarar os próprios problemas. “Ela pode nos ajudar a nos conectar com nossos sentimentos e necessidades, oferecendo a empatia e acolhimento que precisamos em momentos tão difíceis, como quando temos depressão”, explica Carolina.
Para isso, precisamos ser honestos com o que sentimos e mais gentis com nós mesmos. Afinal, a depressão ainda é alvo de preconceitos, mas você já sabe que são infundados e que a doença pode ser tratada, certo? Que tal, então, encarar seus próprios julgamentos e tomar o primeiro passo?
* Conteúdo produzido a partir de entrevista realizada com Carolina Nalon, Coach especialista em Comunicação Não Violenta. Graduada pela Esalq-USP em Biologia e coach especializada em Coaching Ontológico pelo Instituto Appana.
Referências:
SABRAGE.MDY.18.12.0439
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