Temida por muitas mulheres, a menopausa nada mais é do que um processo biológico natural do nosso organismo. Os sintomas não são frescura, mas também não se parecem com um bicho de sete cabeças. A verdade é que a última menstruação traz consigo sensações novas no corpo da mulher que podem não ser tão agradáveis assim, como as famosas ondas de calor, falta de libido e mudanças abruptas de humor1. A boa notícia é que tais sintomas são passageiros, e podem ser aliviados por terapias de reposição hormonal. Segundo um estudo² publicado em março de 2018, a reposição poderia trazer, inclusive, benefícios à saúde do seu coração.

Isso mesmo: é bom lembrar que, estatisticamente, mulheres são menos propícias a desenvolver doenças cardiovasculares do que os homens³, mas esse cenário muda na menopausa. Após a última menstruação, o risco aumenta por conta da queda dos níveis de estrogênio.4 Esse hormônio é uma espécie de guardião do coração e dos nossos vasos sanguíneos, evitando a formação de obstruções e mantendo os níveis de HDL, conhecido como o “bom colesterol”.³

A MENOPAUSA E A SAÚDE DO CORAÇÃO

Um estudo² feita no Reino Unido usou uma base de dados nacional de saúde para investigar os impactos da Terapia de Reposição Hormonal na saúde cardiovascular de várias mulheres. A conclusão a que se chegou é que as pacientes que a fizeram durante cerca de oito anos têm estruturas cardíacas mais saudáveis e robustas quando comparadas às mulheres que não a fizeram.

Os efeitos cardíacos da reposição hormonal, porém, ainda não são unânimes. Outra pesquisa5 de 2017, indicou apenas que a terapia de reposição pelo menos não prejudica a saúde do coração. O que, por si só, já é bom. Outro estudo do Instituto do Coração (Incor)também afirma que a terapia pode representar uma possibilidade à prevenção das doenças cardíacas na menopausa, quando aliada a outras medidas, é claro. 

Uma dieta balanceada, atividade física frequente, uma vida sem cigarro - ou seja, todas as recomendações médicas que já conhecemos de cor e salteado - são escolhas essenciais para ajudar o corpo da mulher madura a proteger o seu coração durante o novo ciclo.1 Mas, convenhamos, nada que o nosso organismo não agradeça, e muito!

A menopausa e suas emoções

Mas afinal, o que é a menopausa? Na verdade, é o evento marcante que corresponde à última menstruação. O período de transição, no qual a mulher passa da fase reprodutiva para a pós-menopausa (quando já não é mais fértil,) é chamado de climatério7.

Em média, a última menstruação ocorre por volta dos 50 anos. Já o climatério pode durar mais, tendo início aos 40 anos e se estendendo até os 65.7 Mas não há motivo para pânico: os principais sintomas não se manifestam em todas as mulheres e nem se estendem por tanto tempo. Alguns deles são:

  • Ondas de calor, acompanhadas de transpiração, tonturas e palpitações;
  • Suores noturnos;
  • Alterações nos órgãos sexuais, como coceira e secura da mucosa;
  • Diminuição da libido;
  • Desconforto durante as relações sexuais;
  • Diminuição do tamanho das mamas e perda da firmeza;
  • Diminuição da elasticidade da pele;
  • Aumento da gordura no sangue;
  • Aumento da porosidade dos ossos;
  • Depressão ou irritabilidade

Se você apresentar qualquer um destes sintomas, converse com o seu ginecologista para entender qual a melhor forma de tratá-lo, de acordo com seu histórico de saúde e organismo.

Deixar de menstruar pode ser assustador, mas a sua qualidade de vida não precisa sair prejudicada. O Ministério da Saúde6 reforça que o climatério e a menopausa não são doenças, e sim ocorrências naturais do ciclo de vida de todas as mulheres. Apresentando sintomas ou não, cuide bem da sua saúde física e mental.

Caminhar, praticar natação e sair para dançar são atividades que ajudam a fortalecer o músculos e melhoram o humor, assim como tomar sol. Usar roupas mais frescas, preferir ambientes ventilados e fazer refeições mais leves aliviam o calorão7. Compartilhar seus desconfortos e temores com amigas e profissionais de saúde também pode ajudar. E lembre-se sempre: você não está sozinha.

REFERÊNCIAS

1. Ministério da Saúde. Menopausa [acesso em 13 set 2018]. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/editoria/saude/2011/09/menopausa

2. Sanghivi MM, Aung N, Cooper JA, Paiva JM, Lee AM, Zemrak F, et al. The impact of menopausal hormone therapy (MHT) on cardiac structure and function: Insights from the UK Biobank imaging enhancement study. Plus-One. 2018 Mar 8. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0194015

3. Bots SH, Peters SAE, Woodward M. Sex differences in coronary heart disease and stroke mortality: a global assessment of the effect of ageing between 1980 and 2010. BMJ Journals. 2017. 2. Disponível em: https://gh.bmj.com/content/2/2/e000298

4. Mayo Clinic. Hormone replacement therapy and your heart [acesso em 13 set 2018]. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/menopause/in-depth/hormonereplacement-therapy/art-20047550

5. Manson JE, Aragaki AK, Roussouw JE, Anderson GA, Prentice RL, LaCroix AZ. Menopausal Hormone Therapy and Long-term All-Cause and Cause-Specific Mortality - The Women’s Health Initiative Randomized Trials. JAMA. 2017. 318(10): 927-938. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2653735

6. Instituto do Coração. Terapia de Reposição Hormonal - Postura Atual [acesso em 13 set 2018]. Disponível em: http://www.incor.usp.br/conteudomedico/geral/terapia%20de%20reposicao%20hormonal.html

7. Ministério da Saúde. Climatério [acesso em 13 set 2018]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/202_climaterio.html

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