As doenças cardiovasculares em mulheres já superam as estatísticas de câncer de mama e de útero. No Brasil, principalmente entre as mulheres com +40 anos, as cardiopatias representam 30% das causas de mortalidade, registrando a maior taxa na América Latina.

O Infarto do miocárdio ou ataque cardíaco é a necrose (morte) de uma parte do músculo cardíaco, que é causado pela ausência da irrigação sanguínea que leva nutrientes e oxigênio ao coração.

Este problema demanda uma atenção urgente para a saúde cardiovascular feminina. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo e o DataSUS, dados de 2019, informa que as doenças circulatórias foram responsáveis por +170 mil óbitos de mulheres no Brasil, sendo a primeira causa de morte em mulheres, superando até mesmo o número de óbitos por câncer.

Desconforto ou dor no peito são sensações desagradáveis e que podem indicar algo grave, como um possível ataque cardíaco. Ainda que este sintoma de infarto seja o mais comum entre homens e mulheres, há outros sinais que são mais característicos entre as mulheres, como: suor excessivo, fadiga incomum, falta de ar, desconforto abdominal, no pescoço, mandíbula, ombros ou na parte superior das costas e dor no peito. Os sintomas costumam ser diferentes de acordo com o sexo.

Náuseas, vômito, tontura e fraqueza, são sintomas que podem indicar condições mais simples, como uma gripe, por exemplo, mas também podem indicar um possível ataque cardíaco. Isso, claro, não significa que você infartará sempre que sentir esses sintomas.

Quais são os sintomas de infarto em mulheres?

Os sintomas de infarto em mulheres podem ser diferentes dos observados nos homens. Contudo, é importante observar que nem todas as pessoas sentem todos os sintomas e algumas mulheres podem ter sintomas mais sutis.

Os sintomas clássicos são os mesmos que aparecem nos homens, como dor no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, o pescoço, a mandíbula, o estômago e até as costas, náusea, vômito, suor frio e desmaio.

Dentre os sintomas atípicos mais frequentes em mulheres estão os enjoos, falta de ar, cansaço inexplicável, desconforto no peito e arritmia.

A seguir uma breve descrição de alguns sintomas:

1. Dor no peito

Pode ser uma sensação de aperto, uma pressão ou queimação no centro ou lado esquerdo do peito. No entanto, nas mulheres, a dor no peito pode ser mais sutil ou intermitente.

2. Dor nas costas ou na mandíbula

É uma dor que pode irradiar para as costas, pescoço ou mandíbula, o que pode ser confundido com tensão muscular ou problemas psicológicos. Este é um sintoma comum em ambos os sexos.

3. Falta de ar

As mulheres podem sentir dificuldade em respirar ou uma sensação de sufocamento, mesmo em repouso. Este sintoma pode ocorrer antes ou junto com a dor no peito.

4. Náusea ou vômito

Algumas mulheres podem sentir náuseas ou episódios de vômito durante um infarto.

5. Fadiga excessiva

Sentir uma fadiga extrema, mesmo com atividades leves, pode ser um sinal de alerta.

6. Desconforto no braço ou ombro

A dor pode se estender para o braço esquerdo, ombro ou cotovelo.

7. Sudorese excessiva

Transpiração excessiva, às vezes fria e pegajosa, sem motivo aparente e que pode ocorrer em resposta ao estresse causado pelo infarto.

8. Tontura ou sensação de desmaio

A pessoa pode sentir vertigens ou estar propensa ou até mesmo desmaiar durante o infarto.

9. Ansiedade ou sensação de apreensão

Sentimentos de nervosismo, ansiedade ou um pressentimento de que algo está errado.

10. Sensação de estufamento abdominal

Algumas mulheres relatam uma sensação de estufamento, indigestão ou desconforto abdominal durante um infarto.

Lembrando que cada pessoa é única e pode apresentar uma combinação diferente de sintomas. É essencial procurar ajuda médica imediatamente se houver suspeita de um infarto, independentemente de os sintomas serem típicos ou atípicos. Pois o pronto atendimento médico pode fazer a diferença no tratamento e na recuperação.

O que fazer em caso de infarto do miocárdio?

Se você suspeitar que está tendo um infarto, ou alguém ao seu redor, é crucial agir rapidamente, pois o tempo é um fator crítico para minimizar os danos ao coração. Siga as seguintes recomendações:

1. Chame o serviço de emergência | SAMU (192)

Imediatamente após perceber os sintomas de um possível infarto, ligue para o serviço de emergência para obter ajuda médica. Os paramédicos têm os equipamentos e treinamento necessários para oferecer cuidados imediatos e é mais seguro do que tentar levar a vítima ao hospital (aliás, só faça isso se realmente não houver a possibilidade de remover a
vítima com ajuda especializada).

2. Mantenha a calma

Sente ou deite a pessoa em uma posição confortável e a oriente respirar profundamente para ajudar a manter a calma. Evite atividades físicas intensas;

3. Mastigar uma aspirina (caso não seja alérgica)

Caso o/a paciente não seja alérgico(a) à aspirina, faça mastigar uma aspirina de 150 a 300 mg. Isso pode ajudar a diminuir a coagulação sanguínea e minimizar os danos ao coração;

4. Monitore os sinais vitais

Observe os sinais vitais como pulso, respiração e consciência. Caso a pessoa perca a consciência ou pare de respirar, inicie a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), se você souber como fazê-la.

Não hesite em ligar para o serviço de emergência, mesmo se os sintomas não parecerem severos. É melhor ser avaliado por um profissional de saúde e descartar um infarto do que arriscar atrasar o atendimento e tratamento necessário. Nesses casos o tempo é um fator crucial para minimizar os danos ao coração.

Existem diferenças entre o coração do homem e da mulher?

O coração da mulher é ligeiramente menor do que o do homem, cerca de dois terços do tamanho, e sua fisiologia é um pouco diferente, além de a frequência cardíaca média em mulheres, ser mais acelerada.

As mulheres também têm artérias coronárias mais finas e maior tendência a sofrer com bloqueios não apenas nas artérias principais, mas também nas menores, que fornecem sangue ao coração, uma condição chamada ‘doença cardíaca de pequenos vasos’ ou ‘doença microvascular coronária’.

Por esse motivo, quando uma mulher tem um ataque cardíaco, ela descreve a dor no peito como uma pressão ou aperto, e não como uma dor lancinante. Além disso, tal sintoma é menos frequente entre o sexo feminino do que entre os homens.

Particularidades do organismo da mulher estão associadas a uma maior incidência de infarto

As causas e os fatores de risco para o infarto do miocárdio em mulheres podem apresentar particularidades em relação aos homens. O hormônio estrogênio (hormônio sexual feminino), por exemplo, ajuda a proteger o corpo das doenças cardíacas antes da menopausa, reduzindo o colesterol ruim (LDL) e aumentando o colesterol bom (HDL). Contudo, após a última menstruação, as mulheres passam a ter concentrações mais altas de colesterol do que os homens.

Mulheres que entram na menopausa precocemente (antes dos 45 anos) podem ter um risco ainda maior. A diminuição dos níveis de estrogênio após a menopausa está associada a um aumento no risco de doenças cardiovasculares;

Porém, não significa que você, mulher, só deve se preocupar com cardiopatias após a menopausa. A síndrome metabólica, por exemplo, é o fator de risco mais importante para ataques cardíacos em idades precoces. Essa síndrome é caracterizada por um conjunto de doenças como pressão arterial elevada, excesso de gordura na região da cintura, colesterol HDL baixo e triglicerídeos elevados.

Os triglicerídeos elevados também são importantes fatores de risco cardiovascular, o que aumenta a incidência de morte por doença cardíaca após os 65 anos.

E se você tem mais de 40 anos, a atenção deve ser redobrada, assim como ocorre naqueles casos de quem tem vários fatores de risco.

Outros fatores de risco para cardiopatias mais característicos em mulheres do que em homens

As mulheres enfrentam alguns fatores de risco específicos para cardiopatias que podem ser diferentes dos homens e esta distinção é crucial para um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz.
Não são apenas as condições genéticas e de saúde física que apresentam riscos cardiovasculares. Os seus hábitos e estilo de vida também são um fator importante. Fumar é o primeiro alerta vermelho.

  • Mulheres que fumam são mais propensas a ter um ataque cardíaco do que homens fumantes, inclusive quem é fumante passiva. As mulheres também são menos propensas a largar o vício cigarro;
  • A obesidade e o sedentarismo são fatores de risco significativos para doenças cardíacas em ambos os sexos, mas podem afetar as mulheres de maneiras diferentes;
  • O diabetes é outro fator de risco para doenças cardíacas em mulheres, mais do que nos homens. Isso ocorre porque, geralmente, a condição está associada à obesidade, hipertensão e colesterol alto;
  • Certas complicações durante a gravidez, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, podem estar associadas a um maior risco de doenças cardíacas no futuro;
  • Em algumas mulheres, o uso de pílulas anticoncepcionais, especialmente aquelas que fumam e têm outros fatores de risco, é um complicador.

Também, é fundamental cuidar da saúde mental. Pois as mulheres que sofrem de depressão ou são submetidas a muito estresse têm o coração mais afetado por tais condições, do que os homens.

Como você deve cuidar do seu coração para prevenir infartos

As doenças que afetam o coração, ainda que sejam as principais causas de morte entre as mulheres, são também as mais preveníveis. Além do acompanhamento médico regular, para detectar doenças o mais cedo possível e prever condições genéticas, certos hábitos podem ser adotados:

  • Pare de fumar, quanto antes;
  • Faça exercícios regulares, pelo menos durante 30 minutos por dia. O sedentarismo causa doenças como a hipertensão, diabetes, aumento de colesterol e estresse, todas relacionadas ao aumento de risco cardíaco. Descubra uma playlist ideal para o seu ritmo e motive a sua atividade física;
  • Adote e mantenha uma dieta saudável e variada, que inclua grãos integrais, frutas, vegetais, carnes magras e laticínios com pouca ou nenhuma gordura, isso ajuda a controlar as taxas de colesterol ruim (LDL) e de colesterol bom (HDL). Converse com o seu médico ou nutricionista;
  • Evite gorduras saturadas ou trans, açúcares, quantidades elevadas de sal e conservantes;
  • Reduza o estresse; e
  • Trate ansiedade e depressão.

O diagnóstico precoce salva vidas

Conhecer os principais sintomas do infarto é outra forma de prevenir danos mais graves. Cerca de um mês antes do ataque cardíaco ocorrer, o corpo pode dar alguns sinais, como fadiga incomum, distúrbios do sono, falta de ar, indigestão, ansiedade, coração acelerado e sensação de peso ou fraqueza nos braços. Portanto, atenção ao seu organismo e, se notar mudanças relacionadas a esses sintomas, consulte um médico.

Alguns desses sintomas também aparecem durante o infarto em si, além de suor excessivo, dor e pressão na região do peito e desconforto abdominal, no pescoço, mandíbula, ombros ou na parte superior das costas.

Geralmente, o tratamento da doença cardíaca em homens e mulheres é semelhante, mas depende da natureza e consequências da doença. Infelizmente, mulheres que não têm a dor torácica típica, têm menor probabilidade de receber o tratamento adequado no momento.

O diagnóstico de um infarto envolve uma combinação de sinais clínicos, exames e testes específicos, como eletrocardiograma, radiografia de tórax, ecocardiograma, angiografia coronariana, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, e monitoramento Holter.

É importante notar que o diagnóstico de um infarto é complexo e requer a avaliação de um profissional de saúde treinado. Além disso, o tempo é um fator crítico, e a busca por atendimento médico imediato em caso de suspeita de infarto é essencial para aumentar as chances de recuperação.

REFERÊNCIAS

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  9. Imagens: Freepik

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