Apesar de muitas vezes parecidas, depressão e ansiedade não são a mesma coisa. Alguns sintomas, porém, são comuns nas duas doenças e podem chegar a confundir quem sofre com uma delas. Afinal, esse mal-estar é fruto de uma depressão ou de um transtorno de ansiedade?

Antes de mais nada, uma boa notícia: as duas enfermidades têm tratamento. E você não está só: no Brasil, mais de 11 milhões de pessoas têm depressão, e outros 18 milhões sofrem com ansiedade1. E os dois podem se misturar: mais da metade de quem tem depressão vem com um transtorno de ansiedade de brinde2. É daí vem a importância de buscar ajuda: uma consulta médica para relatar sintomas e queixas traz o amparo necessário para entender o que se passa, e traçar um plano de tratamento para voltar a se sentir melhor.

E sim, depressão ou ansiedade são doenças. Elas não são e nunca foram fraquezas de personalidade ou caráter. O primeiro passo - que é aceitar a enfermidade - pode ser difícil no início, mas quando essa barreira é ultrapassada, o tratamento flui e é possível voltar a ter uma vida normal e produtiva.

Para entender as diferenças entre as duas, vamos primeiro definir o que é depressão e o que é ansiedade:

Depressão

A depressão acontece por alterações químicas no cérebro, causadas por genética ou fatores ambientais3, como a perda de um ente querido, uma demissão, ou outro evento marcante.

O tratamento tem como objetivo modular esse cérebro que passou a funcionar de maneira irregular. Isso é feito por meio de psicoterapia e tratamento farmacológico. Por essa razão, quando sentir algum sintoma de depressão, não hesite em procurar ajuda médica, para receber a orientação adequada.

Desconfie que você pode estar com depressão quando4, 5:

  • Você sente tristeza ou fica se sentindo “para baixo” com frequência;
  • Perde o interesse e o prazer por coisas que antes gostava de fazer;
  • Ganha ou perde peso rapidamente, sem nenhuma mudança na rotina;
  • Sente mais fome ou seu apetite diminui sem explicação;
  • Tem sentimentos excessivos de culpa;
  • Você se sente irritado com frequência, mesmo sem ter razão justa para isso;
  • Tem sintomas físicos, como dores de cabeça ou até mesmo dores nas costas.

Ansiedade

É normal nos sentirmos ansiosos de vez em quando, como quando esperamos o retorno de uma entrevista de emprego ou quando estudamos para uma prova difícil. Mas se a frequência ou a intensidade desse frio na barriga aumenta em demasiado, isso pode indicar um transtorno de ansiedade. Se não tratado, ele pode afetar vários aspectos da vida, como a carreira e os relacionamentos pessoais.

Você pode estar passando por um transtorno de ansiedade se você:4, 6

  • Se preocupa excessivamente e fica apreensivo com atividades do dia a dia, como o trabalho e a escola;
  • Tem dificuldade em controlar suas preocupações;
  • Sofre frequentemente com tensão muscular;
  • Tem alguma alteração gastrointestinal quando se sente ansioso;
  • Passa a ter taquicardia e respirações rápidas;
  • Tem tremores diante de situações de estresse.

No entanto, as duas doenças podem apresentar sintomas exatamente iguais. Quando isso acontece, pode ser o caso da depressão estar associada a um transtorno de ansiedade. Não deixe isso te abalar: é uma situação extremamente comum. Lembra que antes mencionamos que mais das metades dos deprimidos também sofrem com ansiedade?2 Então.

Você pode estar com os dois transtornos ao mesmo tempo se você:4

  • Tem dificuldade de concentração e pode inclusive sofrer “brancos” na memória;
  • Tem insônia ou fica se sentindo sonolento durante o dia;
  • Se sente cansado e sem energia;
  • Tem sensação de estar no limite.

Não hesite em buscar ajuda, já que o tratamento para essas doenças é eficaz e devolve qualidade de vida. Conversar com um amigo ou parente também ajuda a nos fortalecer.

Referências:

1. World Health Organization. Depression and Other Common Mental Disorders. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf;jsessionid=178B8D4B29C3C7E0DCA942DB0C5319E7?sequence=1

2. Baldwin DS, Evans DL, Hirschfeld RM et al. Can we distinguish anxiety from depression? Psychopharmacol Bull. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12490832

3. Marije aan het Rot, Sanjay J. Mathew, Dennis S. Charney. Neurobiological mechanisms in major depressive disorder. CMAJ.JAMC. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2630359/

4. Tomislav D. Zbozinek, Raphael D. Rose, Kate B. Wolitzky-Taylor et al. Diagnostic Overlap of Generalized Anxiety Disorder and Major Depressive Disorder in a Primary Care Sample. Depression and Anxiety. The official journal of ADAA. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3629816/?fbclid=IwAR168BBjCuEos4RmQDW0dnile4RmbCbhyrdPL5FyPfghMMuMbgFk6qlqT8o#

5. Mayo Clinic. Depression (major depressive disorder). Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/depression/symptoms-causes/syc-20356007

6. Mayo Clinic. Anxiety disorders. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/anxiety/symptoms-causes/syc-20350961

SABRAGE.MDY.18.11.0364

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