Quando você sente uma dor incomum ou sensações estranhas no corpo, qual a sua primeira atitude? Se você pesquisa os sintomas em buscadores online antes de procurar um médico, não está sozinho.
De acordo com o Google, 1 em cada 20 pesquisas realizadas no mecanismo de buscas está relacionada à saúde.1 Procurar os sintomas online é, de fato, mais confortável do que enfrentar filas no hospital ou marcar horário em um consultório médico. Além disso, é de graça.
No entanto, diagnosticar-se com a ajuda da internet pode também ser muito perigoso. Será que vale o risco?
OS PERIGOS DE GOOGLAR SEUS SINTOMAS
Segundo um estudo2 feito pela Universidade de Waterloo, no Canadá, pesquisar condições de saúde na internet pode nos fazer sentir pior e nos deixar ainda menos informados. Além disso, quando googlamos nossos sintomas, estamos compartilhando informações privadas que podem ser usadas por empresas que vendem dados de audiência para a publicidade, por exemplo.
Ao googlar o que estamos sentindo, podemos ser vítimas de um efeito placebo ao contrário. Pacientes que buscam os efeitos colaterais de certos medicamentos, por exemplo, estão mais sujeitos a apresentar intolerância às substâncias presentes no remédio.2 Isso porque o que lemos online pode nos impressionar além do que imaginamos.
Além disso, podemos ficar confusos com os resultados da pesquisa e fazer suposições erradas.2 Em partes, isso ocorre porque a maioria dos usuários não sabe como usar o campo de buscas de forma adequada. Por exemplo, você digita o seguinte: “Canela ajuda diabetes?”. O mecanismo de pesquisas irá, então, exibir respostas que contenham os termos “canela”, “ajuda” e “diabetes”. Qualquer documento que corresponda a essas palavras será exibido, mesclando informações verdadeiras e falsa de várias fontes.2
Para piorar, há quem tire conclusões sobre seu estado de saúde sem nem ao menos abrir os links. O usuário só escaneia os títulos da primeira página e conclui automaticamente que a sua dor de estômago é um sinal óbvio de ataque cardíaco.3
O vício pela busca de sintomas online já ganhou até nome: “cyberchondriac” (cibercondríaco, em português). O termo é definido pelo Dicionário de Oxford4 como “uma pessoa que busca compulsivamente na internet informações sobre determinados sintomas reais ou imaginários da doença”.
PROTEJA OS SEUS DADOS DE SAÚDE
Além de entrar em pânico à toa ao visitar o “Dr. Google”, você pode acabar compartilhando informações pessoais de saúde que são coletadas por terceiros. Há empresas que rastreiam esses dados para vendê-los. Assim, outras companhias podem criar anúncios publicitários personalizados, como propagandas de remédios que atendem exatamente os sintomas pesquisados.5
Quando procuramos informações sobre saúde online, os sites visitados com frequência incluem códigos que iniciam conexões de rede associadas a terceiros, como anunciantes. Registros de visitas a páginas sobre apneia do sono, depressão ou tratamento para dependência química podem ser revendidos.5
Tais informações são tão sensíveis quanto as contidas em seus registros de saúde e histórico médico. No entanto, ainda não há supervisão legal suficiente para regular como esses dados devem ser compartilhados, preservados ou utilizados. Por enquanto, decidir quem tem acesso à eles está nas mãos do usuário. Portanto, é preciso pesquisar com parcimônia.5
NÃO DEIXE DE IR AO MÉDICO
Devo, então, deixar de pesquisar os meus sintomas no Google? Deixar de consultar um médico nunca é recomendado, pois apenas o profissional de saúde tem os instrumentos necessários para avaliar a sua condição e receitar tratamentos adequados.
No entanto, a maioria dos usuários da internet simplesmente não resiste à tentação de pesquisar sintomas online. Mais de 80% dos americanos, por exemplo, já usaram mecanismos de busca para fazer auto-diagnósticos.6 Para tornar os resultados um pouco mais confiáveis, o Google tem oferecido algumas alternativas, como os “health cards”.7
Os “health cards” aparecem no topo da página de busca quando perguntamos ao Google sobre condições de saúde. Eles concentram informações médicas relevantes, como sintomas, tratamentos típicos e outros detalhes. Para certas doenças, há ilustrações e imagens. O diferencial, no entanto, é que todas as informações são fornecidas por médicos licenciados parceiros da empresa. Os dados são, portanto, confiáveis.
Soluções como os “health cards” são mais seguras do que fazer pesquisas aleatórias, assim como buscar informações em sites de organizações confiáveis, como o Ministério da Saúde. Se os seus dedinhos estão coçando para pesquisar sintomas online, prefira essas opções. Porém, o próprio Google alerta: não deixe de ir ao médico.
Referências bibliográficas
SABRAGE.MDY.19.03.0074
CONFIRA OUTRAS CURIOSIDADES ABAIXO:
POR QUE O "GOOGLE" NÃO DEVE SER O SEU CONSULTÓRIO MÉDICO
Pesquisar os sintomas online pode ser uma prática perigosa tanto para a saúde, quanto para a privacidade das nossas informações sensíveis.
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