Até anos atrás, era preciso confiar na memória dos parentes ou pesquisar documentos antigos para saber um pouco sobre os seus ancestrais. Hoje, graças ao sequenciamento de DNA, basta enviar a amostra de saliva para um laboratório especializado e semanas depois, você recebe em casa um resultado preciso sobre as suas origens.
Além do teste de ancestralidade, o sequenciamento de DNA, revela uma série de detalhes sobre o organismo, inclusive a possibilidade de desenvolver doenças.1 Foi ele que levou a atriz Angelina Jolie a fazer uma mastectomia e a retirar os dois seios, diante do alto risco de sofrer um câncer de mama no futuro.
Mas como é possível que um pouquinho de saliva revele tantos detalhes sobre o nosso organismo e nossas origens?
O BÊ-A-BÁ DA GENÉTICA
O sequenciamento de DNA, também conhecido como sequenciamento genético, é uma técnica que permite determinar a ordem de bases nitrogenadas que compõem a molécula de DNA.1 Complexo? Calma. Para entender como ele funciona, precisamos relembrar as aulas de biologia na escola.
Todas as células do nosso corpo contêm moléculas de DNA formadas por sequências de quatro moléculas, as famosas bases nitrogenadas:
- A - Adenina;
- T - Timina;
- C - Citosina;
- G - Guanina.
Tais bases ficam organizadas em sequências de DNA, em duas grandes fitas que se entrelaçam: uma cujo material genético herdamos do pai e outra da mãe. Tais sequências permitem aos cientistas determinar as informações genéticas que carregamos, como nossas características físicas, assim como alterações que podem causar doenças.1
SEQUENCIAMENTO GENÉTICO SOB ENCOMENDA
Em um primeiro momento, o sequenciamento de DNA foi útil para ajudar os cientistas a conhecer mais sobre a estrutura do material genético. Em seguida, foi usado também para identificar diferenças entre as espécies.
Além disso, a técnica permitiu que pesquisadores mapeassem e comparassem o material genético dos seres humanos, como no Projeto Genoma.2 Ao fazer tais comparações, foi possível identificar características essenciais a todos nós. Hoje, quando alguém solicita seu sequenciamento genético, os cientistas podem compará-lo às sequências consideradas comuns para entender se há alguma alteração. Assim, é possível investigar possíveis doenças, suas causas e tratamentos.3
As grandes empresas que fazem sequenciamento genético para o público, oferecem muita informação a partir do material coletado. A primeira, por exemplo, mapeia características físicas e fisiológicas, como presença de fissuras e covinhas, a sensibilidade para sabores amargos e a inclinação a consumir muita cafeína. Ela revela, também, a predisposições para condições genéticas específicas, como doença celíaca e degeneração macular (perda de visão).4
Uma empresa mostra como as variantes do DNA influenciam uma variedade de características, como cabelo, cor dos olhos, presença de sardas e capacidades de sentir o cheiro da grama cortada, perfume de rosas ou suor. Ela também revela certas características comportamentais, como a tendência a comer demais ou a propensão a se preocupar.4 Outra empresa, oferece até informações sobre como as variantes genéticas podem influenciar o modo como certas drogas afetam o indivíduo.4
O sequenciamento de DNA também é feito no Brasil, em empresas privadas e por instituições públicas, como a Universidade de São Paulo. Mas será que vale a pena fazer um desses testes?
SEQUENCIAR O DNA?
Em casos específicos, o sequenciamento de DNA é muito útil. Em pacientes com câncer, por exemplo, ele pode ser feito para ajudar o médico a encontrar o tratamento mais eficaz para aquele tipo de tumor.1
O sequenciamento genético pode, também, ser uma ferramenta da medicina preventiva, como no caso que citamos da atriz Angelina Jolie. Porém, ainda não há um consenso definitivo entre a comunidade científica internacional sobre o tema. Isso porque a técnica gera resultados complexos e milhões de variantes. Assim, é importante que sejam interpretados junto de outras informações, como status de doenças já existentes e fatores como dieta e uso de medicamentos.5
Apesar dos tantos avanços da medicina, a compreensão das variações genéticas em humanos permanece limitada.6 Isso não significa, no entanto, que você não deve fazer um teste de sequenciamento do seu DNA, como um exame de ancestralidade. Mas antes de decidir fazê-lo por razões médicas, converse com o seu médico e analise todas as opções disponíveis. Ele poderá te ajudar a definir qual delas atende suas necessidades e, mais importante, a interpretar os resultados.4
Lembre-se de que a genética é, no final das contas, uma ciência em constante evolução. Ou seja: não se desespere diante de resultados aparentemente negativos. Agir com prudência e confiar no seu médico é, sempre, a melhor opção.4
Referências bibliográficas
SABRAGE.MDY.19.03.0075
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