A paulistana Renata Turbiani, 41, lida com a depressão há cerca de 13 anos. No começo, não sabia o que estava acontecendo, porque os sinais não eram aqueles que tradicionalmente se associam com a doença, como tristeza profunda e desânimo. O que Renata mais sentia era irritação, seguida pela culpa de não ter conseguido se controlar e ter brigado com os amigos. Eles, porém, compreendiam que havia algo errado com ela e não se afastaram. Quando foi ao médico para entender melhor, era depressão.

Acompanhe seu relato:

Eu nunca fui a pessoa mais otimista do mundo. Sentia um vazio que nada preenchia, e uma tristeza que não era profunda, não atrapalhava o dia a dia, mas estava sempre ali. Além disso, sempre fui muito briguenta. Brigava com muita gente, e em seguida vinha a culpa. Me sentia péssima, ficava repassando tudo mil vezes na minha cabeça.

O problema era que qualquer coisa me tirava do sério, mas não achava que isso era sintoma de alguma coisa, acreditava que era da minha personalidade. Pensava assim até que uma prima teve depressão grave, em 2005. Como nós éramos muito parecidas – irritadas e pessimistas – resolvi procurar um psiquiatra pois, quando ela teve a primeira crise, fiquei com medo de acontecer o mesmo comigo. Procurei o médico também porque queria fazer psicoterapia e precisava saber qual linha de terapia eu devia seguir. O psiquiatra, então, me diagnosticou com uma forma leve de depressão. Eu tinha 28 anos na época.

Por recomendação médica, comecei a fazer o tratamento farmacológico e não farmacológico (psicoterapia). Fiquei quatro anos fazendo terapia, e só acabei parando porque havia mudado de cidade, e não tinha procurado outro psicólogo.

Acredito que esse meu problema é mais genético do que qualquer outra coisa, pois meu avô também tinha, assim como a minha prima.

Até brinco com os meus amigos que eles são muito amigos mesmo, por não terem me abandonado. Eles foram muito leais, porque mesmo antes de eu saber da depressão, eles relevavam as brigas.

Depois de seis anos tomando medicamentos, resolvi parar, pois queria engravidar. Fiz o chamado “desmame” do medicamento, com a autorização do médico.

Comecei a sentir sintomas de insônia após 2 anos de tratamento suspenso. Busquei novamente um psiquiatra, retomei o tratamento e estou bem mais tranquila. Eu sou realmente mais pessimista e brava, mas agora consigo controlar melhor.

A ansiedade é o que mais me afeta atualmente, mas mesmo assim, não está mais nada muito fora do controle. Meus pensamentos aceleram de vez em quando, e aí não consigo desligar, fico pensando no futuro. Isso, porém, tem acontecido bem de vez em quando. Algumas situações me deixam mais agitada, como me atrasar para compromissos, ou alguma decisão que preciso tomar.

SABRAGE.MDY.18.11.0359

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