A depressão pode se manifestar de formas diferentes em homens e mulheres, mas reconhecer os estigmas relacionados ao gênero é importante para buscar o melhor tratamento
Queixas de saúde mental são mais frequentes entre mulheres já que elas, por motivos ainda não completamente esclarecidos, estão mais sujeitas a desenvolver depressão do que os homens.1 Mas isso não quer dizer que homens sejam imunes à depressão -- muito pelo contrário. Mas será que a condição se manifesta da mesma forma em ambos os gêneros?

Os gatilhos da depressão

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o gênero é um determinante crítico da saúde mental. As mulheres são maioria em transtornos como depressão e ansiedade, enquanto os homens lideram em dependência de álcool, por exemplo.1

Um estudo de 20152 listou como os principais fatores de risco para depressão diferem entre homens e mulheres. Para elas, figuram na lista divórcio, ausência de apoio dos pais e da sociedade em geral, insatisfação conjugal, entre outros.2

Já para os homens, abuso de drogas, transtornos de conduta e eventos estressantes durante a vida, como falências ou problemas legais, estão entre os principais fatores2. Desse modo, o estudo mostrou que a depressão pode ser engatilhada em homens por fracassos na conquista de metas, e nas mulheres, os principais gatilhos são dificuldades em relações interpessoais e falta de cuidado.2

Reconhecer os sinais

As diferenças não ficam só nos fatores que podem desencadear uma depressão. A doença em si também pode apresentar sinais e sintomas diferentes entre homens e mulheres.

Enquanto os homens podem se mostrar zangados, irritáveis e perder o interesse por trabalho, família ou hobbies, as mulheres expressam tristeza. O sexo masculino também apresenta mais dificuldade para dormir do que o feminino e, às vezes, manifesta sintomas físicos, como coração acelerado ou dores de cabeça contínuas. É comum que eles procurem o médico para tratar esses sintomas, sem saber que podem estar passando por uma depressão.3

Alguns homens recorrem a drogas ou álcool, em uma tentativa inconsciente de automedicação, enquanto as mulheres são mais propensas a procurar ajuda -- seja profissional ou com pessoas próximas.

Outra diferença, é que se as mulheres deprimidas são mais propensas ao suicídio, os homens são bem-sucedidos em suas tentativas, pois costumam usar métodos mais letais.3

Por fim, há tipos de depressão exclusivas do sexo feminino[4], como a depressão pós-parto, a desordem disfórica pré-menstrual (uma forma mais grave de síndrome pré-menstrual) e a depressão pré-menopausa. Nesse casos, os hormônios têm grande influência no humor e saúde mental.

Homens também choram

A depressão pode ser tratada com psicoterapia, uso de remédios ou uma combinação dos dois3, além de outras práticas complementares sugeridas pelo profissional de saúde, como exercícios físicos e até a meditação5Clique aqui para ver quais práticas podem ser grandes aliadas contra a depressão.

Ainda que o tratamento para depressão em si não mude, as diferenças entre os gêneros precisam ser levadas em conta em outros aspectos. Como raiva, agressividade e dificuldades sexuais são alguns dos sintomas mais frequentes, porém não tão óbvios, entre homens deprimidos,3 amigos, familiares e até mesmo médicos podem não reconhecer esses sinais como indicadores de uma depressão, o que dificulta o diagnóstico preciso.1 Além disso, o sexo masculino costuma ser mais resistente a procurar ajuda -- outra barreira para o início do tratamento.

Essas diferenças fazem com que as mulheres sejam diagnosticadas com depressão mais frequentemente. 1 Por consequência, elas fazem mais terapia, mas também tendem mais a tomar medicação. Já os homens são mais propensos a procurar especialistas e a se internarem para tratar suas depressões .1

Para a OMS1, os estereótipos de gênero são uma barreira para a identificação precisa e tratamento correto da depressão. Por isso, é importante reforçar que toda regra tem suas exceções: homens também podem mostrar tristeza profunda e mulheres também estão sujeitas a abusar de bebida, por exemplo. Lutar contra estigmas é o primeiro passo para identificar a doença, suas causas e, em seguida, garantir o apoio necessário a quem precisa.

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