Qualquer médico sabe reconhecer sinais e sintomas de depressão e uma conversa com o profissional de sua confiança pode ser de ajuda para iniciar um tratamento.

Estima-se que 11,5 milhões de brasileiros tenham depressão.1 Como nem sempre a doença se apresenta por meio dos sinais "clássicos" de tristeza e desânimo2, muitas vezes não entendemos o que estamos sentindo, e nem nos ocorre procurar um psiquiatra. Mas é aí que entra o papel de médicos de outras especialidades, que são plenamente capazes de identificar sintomas de depressão durante uma consulta de rotina.

É por isso que, embora o psiquiatra seja o profissional especializado em transtorno de saúde mental, conversar sobre seu estado de ânimo com um profissional de outra área pode também ser benéfico, já que ele ou ela poderá investigar os sintomas mais a fundo para entender sua causa. Afinal, os médicos saem da faculdade com uma formação generalizada, o que os habilita a pelo menos identificar a suspeita de um transtorno depressivo, quando for o caso.

Um exemplo é o do cardiologista Roberto Miranda, que recebe vários casos em seu consultório de pacientes que chegam pensando que estão com problemas cardíacos, quando na verdade é depressão. “No caso da depressão, os sintomas físicos são muito comuns. São os sintomas psicossomáticos, que têm origem na psique mas se manifestam no corpo”, explica.

“Palpitações, taquicardia, sensação de bola na garganta, dor no peito semelhante a angina, falta de ar, sintomas gastrointestinais: são inúmeras as manifestações físicas de sinais psíquicos”, explica o cardiologista.

“Já atendi paciente que estava procurando alguma doença clínica para justificar os sintomas. Seria uma busca sem sucesso, pois o problema estava na depressão”, diz. Depois de identificar o problema real, o médico de outra especialidade pode ele mesmo prescrever um tratamento, se o caso for leve, ou encaminhar para um psiquiatra.

Daí vem a recomendação de relatar ao médico tudo que sentimos, tanto no corpo quanto na mente, mesmo que pareça não ter relação com o motivo da consulta. O clínico geral, o cardiologista, o ginecologista, o ortopedista ou qualquer outro médico que não seja o psiquiatra também consegue identificar sintomas físicos que podem ser causados não por alguma doença clínica, e sim por depressão.

Ginecologista: aliado das mulheres também na saúde mental

O ginecologista, por exemplo, é considerado o clínico geral da mulher. Além de avaliar a saúde hormonal e reprodutiva, ele também entende de depressão, já que as variações hormonais femininas rendem às mulheres o dobro de chances3 de desenvolver depressão em relação aos homens. Além disso, depressão pós-parto é um transtorno exclusivamente feminino.4 Por isso, o ginecologista está plenamente capacitado a identificar sinais e sintomas de transtornos depressivos em suas pacientes.

 

“O atendimento clínico é muito importante. Não há psiquiatras suficientes no Brasil para atender a todos os casos de depressão, assim como não existem cardiologistas em número razoável para tratar todos os hipertensos do País. As formas menos graves das doenças podem ser atendidas por clínicos gerais5”, diz Roberto Miranda.

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