Já imaginou a pressão psicológica pela qual passa um atleta de alto rendimento no Brasil? Esse assunto já é tratado no meio esportivo, mas ficou ainda mais em evidência quando a ginasta Simone Biles se abriu sobre seus problemas envolvendo saúde mental durante as Olimpíadas de Tóquio, desistindo de participar de finais no torneio.¹

A preocupação com a saúde mental ocorre em todos os ramos de atividade e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo, seguido de Paraguai, Noruega, Nova Zelândia e Austrália. ²

Para entender um pouco mais essa relação do brasileiro com o esporte e saúde mental, conversamos com a Carla Di Pierro, psicóloga do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que nos explicou a importância da saúde mental para atletas e a importância do exercício físico, nesse contexto, para pessoas que não tem o esporte como profissão.

Mudança de pensamento

Segundo Carla, houve uma revolução no cuidado mental dos atletas nos últimos anos, já que antes a atenção era dada basicamente para o desempenho e habilidades psicológicas como atenção, foco e motivação.

“Agora, trabalhamos também com prioridade na saúde mental dos atletas. Não basta fazer perseguir resultados se não estiverem bem emocionalmente falando. Primeiro se busca o lugar da saúde mental desse atleta, identifica se está bem, estável e feliz. Verifica se não tem nenhum nível de ansiedade, estresse que ele precise manejar, depois a gente começa a pensar em melhorar a performance”, explica.

A especialista explica que cada vez mais os psicólogos fazem parte das equipes dos atletas. Sejam nas federações, confederações ou até mesmo como psicólogo particular.

Ciclo olímpico

A psicóloga do COB explica que os atletas brasileiros que disputam as Olimpíadas e outros torneios passam por um trabalho de preparação mental durante todo o ciclo olímpico, que dura, em média, quatro anos. "A gente prepara aquele atleta que vemos que pode ter maior visibilidade, trabalhando como ele pode se expor e como vai se comportar", diz.

O trabalho é feito de maneira interdisciplinar, com apoio do treinador, assessor de imprensa e do próprio atleta. Esse trabalho de saúde mental se tornou ainda mais importante com a importância que as redes sociais ganharam nos últimos anos.

"Muitas vezes a gente ajuda o atleta a ter um espaço de segurança e se blindar de alguns comentários que não sejam positivos e, ao mesmo tempo, eles têm que aprender a lidar com o nível de pressão, torcida e responsabilidades que adquirem a partir do momento que são referência. É preciso lidar com isso e até tirar um pouco do prazer em representar o país e, ao mesmo tempo, saber descartar aquilo que não interessa e absorver o que interessa", falou Carla Di Pierro.

O outro lado da moeda

Se para o atleta de elite a saúde mental é fundamental para manter o equilíbrio dentro do esporte, para as pessoas que não sobrevivem da prática o esporte pode ser uma espécie de pilar de apoio para a saúde mental.

Nós já contamos aqui como o esporte pode ser um importante aliado na saúde mental e a psicóloga do Comitê Olímpico Brasileiro reforça essa importância.

"O esporte, o exercício e a atividade física entra na vida das pessoas comuns como um remédio. É antidepressivo, ansiolítico e ajuda na saúde física e mental", explica.

 

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Ela faz um apelo para que as pessoas não renunciem à atividade física, já que a ciência tem demonstrado que existem diversos benefícios em se movimentar. A dica, explica Carla, é fazer algo que dê prazer.

"Não é qualquer exercício que vai trazer esse bem-estar mental. É o exercício que a pessoa faz sentido prazer, que ela está inserida em uma comunidade, onde há troca de afeto. Um exercício onde a pessoa está se sentindo competente. Não é apenas ir para a academia e se sentir fora do lugar", fala ela.

Uma boa alternativa para quem se sente desmotivado em se movimentar, explica Carla, é buscar aquele esporte que se praticava na infância ou juventude. Ou até procurar novas paixões, mas que seja feita com amigos, e que se resgate o espírito de brincar enquanto se movimenta.

"O esporte nos traz memória afetiva de quando a gente é criança e se permite brincar. A gente tira esse lugar de brincar na vida adulta. É o jogar bola com os amigos, fazer beach tennis com as amigas. Nossa relação com a natureza, com a gente mesmo, sentindo prazer", completa.

A Medley aposta no esporte como agente transformador

A Medley é patrocinadora oficial do esporte olímpico brasileiro e apoia o esporte como ferramenta de cuidado da saúde física e mental.

Nosso propósito é promover acesso à saúde e bem-estar para cada vez mais pessoas e isso vai muito além de medicamentos.

Acreditamos que é possível proporcionar mudanças com a produção de conteúdo relevantes e incentivando você a cuidar do corpo e mente através da prática de exercícios físicos.

1. CNN Brasil. Simone Biles sobre saúde mental: “ainda tenho medo de praticar ginástica”. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/esportes/simone-biles-sobre-saude-mental-ainda-tenho-medo-de-praticar-ginastica/. Acesso em: Maio, 2023.

2. Jornal da USP. Casos de ansiedade não tratados podem tornar-se problemas de saúde mental mais graves. Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/casos-de-ansiedade-nao-tratados-podem-tornar-se-problemas-de-saude-mental-mais-graves/. Acesso em: Maio, 2023.

 

MAT-BR-2302193