A depressão chegou na vida da executiva Gabriela Moraes* em um momento importante de sua trajetória profissional.
Quando a depressão surge, é um baque: conciliar uma vida produtiva, com um trabalho exigente e demandas familiares com um tratamento contra depressão não é uma tarefa fácil. Dependendo da gravidade da doença, pode ser necessário pedir um afastamento para se tratar, mas muitas vezes é possível continuar trabalhando normalmente. Conheça a história de Gabriela Moraes,* uma executiva que se viu anos atrás com o desafio de manejar seu trabalho e sua vida pessoal ao mesmo tempo que se viu acometida por uma depressão.
Leia abaixo seu depoimento:
Minha história com a depressão aconteceu depois que fui contratada em uma empresa como analista de sistemas e fui promovida para um cargo de coordenação. Essa mudança de posição aconteceu em uma época que a empresa estava passando por um projeto importante, em que éramos responsáveis pela avaliação técnica de um grande setor – e tudo isso trouxe grandes responsabilidades para mim e acabei desenvolvendo depressão.
Por ter passado por episódios difíceis, o período que trabalhei lá foi um momento delicado para mim. Porém, aquele cargo também era uma oportunidade incrível na carreira, por isso decidi permanecer no trabalho.
Mas depois de um tempo entendi que aquele ambiente estava me fazendo mal, tanto é que, depois de sete anos, acabei decidindo me desligar da empresa.
O momento em que eu passava essas turbulências coincidiu com uma época em que eu estava atravessando problemas financeiros, o que agravou minhas preocupações diárias.
Tudo começou quando percebi que algo não estava bem com minha saúde mental. Notei que, quando chegava a segunda-feira, eu não tinha vontade de ir para o trabalho. Eu não tinha mais vontade de fazer parte, de assumir responsabilidades, de estar com meu time. Foi um alerta, porque eu normalmente adoro segundas-feiras. Quando a obrigação de ir ao trabalho passou a ser uma tortura, decidi buscar ajuda médica. Fui, então, diagnosticada com depressão.
O psiquiatra prescreveu medicamentos e também recomendou que fizesse psicoterapia. A combinação dos tratamentos foi fundamental para que eu conseguisse continuar desempenhando minhas funções no trabalho.
Decidi também mudar alguns hábitos na minha vida: comecei a me cuidar mais, a caminhar, a andar de bicicleta, a fazer trabalhos voluntários em um hospital infantil, a frequentar uma igreja e, principalmente, a me aproximar da minha família, pois eu morava sozinha. Essas pequenas mudanças foram essenciais para eu lidar com o dia a dia de um cargo de responsabilidade na empresa durante meu tratamento contra depressão.
Dois anos depois da minha alta, a empresa anunciou que faria alguns cortes de cargos. Refleti bastante e decidi me voluntariar para ser desligada da instituição. Foi uma decisão difícil de tomar, mas fiz essa opção pois aquele ambiente não estava me fazendo bem. Apesar de ter sido uma grande oportunidade de trabalho e crescimento profissional, entendi que era hora de procurar outro desafio.
Hoje, quase uma década depois, já passei por outras empresas, inclusive em cargos de direção, e o que aprendi foi nunca desistir de mim. Sempre tive fé e procurei ajuda no momento certo para tratar a depressão. E, principalmente, não tive vergonha de buscar apoio. Não é vergonha buscar ajuda de médicos, psicoterapeutas, familiares, amigos ou de uma religião.
*O nome foi trocado a pedido da entrevistada.
SABRAGE.MDY.19.03.0076
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